Jacó e o Filho Pródigo

Há vários anos eu preguei uma série de sermões sobre esse capítulo(Lucas 15). Como eu estava pensando sobre a história mais uma vez há alguns meses, de repente me veio um insight: um pai tem dois filhos, o mais novo quer a herança e obtém, então deixa o país por um longo tempo, mas finalmente retorna a seu pai e irmão – o que isso me fez lembrar? Há apenas uma outra história na Bíblia que tem todos esses componentes: a história de Jacó.

Embora os paralelos pareciam convincentes, eu ainda estava um pouco hesitante se era realmente válido traçar uma conexão entre as duas histórias. Então eu decidi ver se alguém tinha chegado a uma conclusão semelhante. Depois de uma rápida pesquisa on-line, deparei com um artigo de Kenneth Bailey, um especialista absoluto na parábola do filho pródigo. Curiosamente, Bailey parece ter passado por uma experiência muito semelhante como eu passei. Aqui está como ele descreve:

“Foi meu privilégio examinar o capítulo 15 de Lucas por cerca de quarenta anos. Este grande capítulo foi o foco central de minha dissertação de doutorado, bem como o tema de duas monografias e três artigos. Até recentemente eu estava confiante de que eu tinha descoberto e considerado todas as opções de interpretação disponíveis. Agora, depois de “cavar” a um nível mais profundo, descobri não um, mas dois “pisos de mosaico inscritos”. “(” Jacó e o filho pródigo: uma nova história de identidade “, p.54)

Um desses “pisos de mosaico” era a percepção de que o pano de fundo da parábola do filho pródigo era a história de Jacó em Gênesis 27-35. Bailey, em seguida, passa a lista os quinze paralelos seguintes entre as histórias:

1. Em ambas as histórias há três atores principais: um pai e dois filhos.
2. A bênção / herança é uma parte crítica de ambas as histórias.
3. Em ambas as histórias o filho mais novo procura vantagens do pai usando métodos desonrosos e consegue.
4. Em ambas as histórias, o filho mais novo está distanciado do pai e do irmão mais velho.
5. Em ambas as histórias o filho mais novo vai para um país distante.
6. O filho mais velho permanece em casa em ambas as histórias.
7. filho mais novo se torna um pastor no país distante em ambas as histórias.
8. Em ambas as histórias o filho mais novo decide voltar para casa, mas tem medo de como ele será recebido.
9. Ambos os filhos mais jovens não mostram remorso.
10. Em ambas as histórias há uma visitação divina – o homem que luta com Jacó e o pai que simboliza Deus.
11. Em ambas as histórias o filho mais novo recebe as boas-vindas, caindo no pescoço e beijando (em todas as escrituras esta trilogia só aparece em Gênesis 33: 4 e Lucas 15:20!)
12. Em ambas as histórias o irmão mais velho está zangado com o retorno do mais novo.
13. Em ambas as histórias o filho mais novo é reconciliado com a família.
14. Em ambas as histórias há uma preocupação de que o filho mais novo volte em paz (Gênesis 28:21, Lc 15:27)
15. Cada história é crítica para a comunidade que se lembra e conta a história.

Com exceção da n. 9 Creio que Bailey fez um caso bastante forte de que há realmente uma conexão entre as duas histórias. Assim, parece que Jesus intencionalmente conta a história sobre o pródigo de forma a lembrar o ouvinte / leitor atento da história de Jacó. Isso, obviamente, nos leva a perguntar por que ele faria isso.

Gostaria de sugerir que uma das razões é que Jesus quer lembrar os judeus que ele está falando de sua própria história. Um dos seus próprios pais fundadores passou por algo muito semelhante como o filho mais novo na parábola e como estudiosos têm reconhecido a história daquele pai fundador prefigura a história de Israel (não é acidental que eles compartilham o mesmo nome!). Como Jacó, Israel deixa seu Pai e, posteriormente, vai para uma terra estrangeira apenas para voltar para casa mais tarde, onde é acolhido pelo seu Pai. Assim, a história do pródigo foi a história de Israel. Como o filho mais novo, Israel tinha recebido graça, mas não estava disposto a estendê-la aos pecadores no meio dela. Este é, de fato, um dos principais problemas de todos os “filhos mais velhos”, passados e presentes: eles esqueceram que eles mesmos foram um dia o filho mais novo!

Ao mesmo tempo, a atitude dos judeus levanta a questão de se eles de fato voltaram para casa. Recusando-se a aceitar Jesus e a graça que ele estava estendendo aos pecadores, eles mostram que, assim como o filho mais velho na história, eles estão em casa fisicamente falando, mas realmente permanecem no exílio, estranhos na casa de seu Pai! Em vez disso, são os pecadores que desprezam os que realmente voltaram para casa e estão desfrutando os benefícios da filiação.

Dever de casa

Não há apenas semelhanças, mas também uma série de diferenças entre a história de Jacó e a história do filho pródigo. Quais são as diferenças e qual é o seu significado?

 

Traduzido de: https://fascinatedbytheword.wordpress.com/2013/02/05/jacob-and-the-prodigal-son/